ALUGUEL
Cooperativa de materiais recicláveis enfrenta dificuldades
Autor Lethícia Conegero
A Cooperambiental, uma das sete cooperativas de materiais recicláveis de Maringá, está passando por dificuldades financeiras. Segundo a presidente da entidade, Nilza de Oliveira Mantovani, o principal motivo é o fato de terem que pagar o aluguel do barracão onde estão instalados - no valor de R$ 4.050 -, além dos gastos com água e energia elétrica. Das sete, apenas a Cooperambiental e a Coopercicla arcam com essas despesas. As outras cinco cooperativas têm os gastos pagos pela administração municipal.
Atualmente, a Prefeitura de Maringá paga R$ 203 por tonelada recebida pelas cooperativas. Mas, segundo Mantovani, o valor não é suficiente para arcar com todas as despesas. “O repasse da prefeitura não cobre todas as despesas da cooperativa, e a gente acaba tendo que tirar da produção, que seria líquido para nós. Se usamos o lucro para cobrir as despesas, o salário dos cooperados acaba sendo bem menor”, explica.
Com salários baixos e muita demanda, os cooperados da Cooperambiental - que existe há cerca de quatro anos - estão desistindo do trabalho. Em novembro do ano passado, eram 32 cooperados. Em dezembro, esse número despencou para 20. O mês de janeiro fechou com 18 cooperados e a previsão é que fevereiro termine com apenas 14. Alguns resolveram voltar paras as ruas, e coletar recicláveis por conta. De acordo com a presidente da entidade, o ideal seria ter, no mínimo, 30 cooperados, para não acumular material e não sobrecarregá-los.
A partir de abril de 2018, com a ampliação da coleta seletiva por parte da prefeitura, a situação ficou mais complicada para a Cooperambiental. Apesar dos cooperados não precisarem mais ir para a rua fazer a coleta, a entidade está recebendo materiais muito baratos, como o vidro - que é vendido por R$ 50 reais a tonelada -, ou até aqueles que não há comprador, como o isopor.
“Antes a gente pegava mais papelão, plástico, garrafa pet e sucata - geladeira, fogão, armário, etc. Esses materiais têm valor maior para venda e a triagem é mais rápida. Nossa esperança era de que a renda melhorasse, mas agora, está vindo muito vidro, que é muito barato, toma muito espaço e tempo do cooperado. E a prefeitura não coleta a sucata, que não toma tanto tempo do cooperado para fazer a triagem e tem maior valor agregado. Também recebemos muito isopor, que não tem comprador, então doamos para quem tem interesse”, conta Mantovani.
Segundo ela, antes o salário dos cooperados era de até R$ 2 mil. Hoje, o valor não chega a R$ 900. “Se a gente não pagasse o aluguel, estaríamos bem e conseguiríamos até pagar o vale-transporte do cooperado. Pedimos a isenção da cobrança do aluguel, a prefeitura disse que não tinha como e aumentou um pouco o repasse: de R$ 203 para R$ 210 a tonelada. Mas esse aumento não resolve o problema”, ressalta a presidente da cooperativa. Com poucos cooperados, o trabalho está acumulando, e a Cooperambiental ficou sem receber recicláveis durante dias, por falta de espaço.
Coopercicla, a outra cooperativa que também paga aluguel - cerca de R$ 4.200 -, não recebe recicláveis da coleta da prefeitura. A entidade conta com os próprios cooperados para isso, além de veículo próprio. A Coopercicla informou que não está passando por dificuldades.